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10 dicas – O que examinar quando avaliamos um equipamento usado com muitas horas de uso?

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Na minha rotina de trabalho, uma pergunta que ouço diariamente de clientes e vendedores é: "Quanto vale este equipamento usado?" Invariavelmente, devolvo a pergunta com outras perguntas, e ao final, antes de uma resposta definitiva, o diálogo que se forma é positivo e esclarecedor.

Afinal, esta é uma pergunta ampla que gera mais perguntas, e não existe uma única resposta, tampouco uma resposta certa ou errada.

Você pode supor que uma carregadeira de rodas ano 2016 com 6.000 horas está em melhores condições do que uma ano 2015 com 11.000 horas, mas esta pode não ser necessariamente a realidade. Talvez o proprietário dessa máquina de 11.000 horas tenha sido meticuloso em relação à manutenção preventiva e corretiva, e o proprietário de 6.000 horas não.

Talvez a máquina de 6.000 horas tenha sido operada numa aplicação mais exigente, por exemplo, mineração pesada ou uma planta de fertilizantes, e o seu operador não tenha sido treinado, ou tenha recebido manutenção de um mecânico não especializado. E se o dono da carregadeira de 11.000 horas tiver substituído componentes do trem de força por componentes novos ou remanufaturados pelo fabricante?

Há muito mais a considerar num equipamento usado do que o ano ou o número de horas. Eu gosto do conceito do 3P (pneu, partida, pintura) ou do 4P (3 anteriores, mais o preço) pela sua simplicidade. É um bom início, mas podemos e devemos ir além. Tenha em mente que um equipamento com mais horas pode ser uma boa opção para você.

Para ajudá-lo, aqui estão 10 dicas a serem consideradas ao analisar equipamentos usados com mais de uma dezena de milhares de horas:

 

1) Histórico de serviço: Solicite o histórico de serviço e confirme com o distribuidor quais componentes foram reparados ou substituídos. Você também deve perguntar se o equipamento esteve sob um programa de manutenção preventiva e corretiva com o distribuidor. Se você achar que a maioria das peças / componentes de desgaste da máquina não foi substituída, considere que provavelmente precisará de um orçamento adicional para reparos futuros. Se a máquina tiver muitas horas, mas tiver sido atendida regularmente, isso indica que o proprietário provavelmente cuidou muito bem dela. Tenha em conta quando estiver olhando o histórico, qual será o índice de disponibilidade futura que você necessita.

 

2) Aplicação anterior. Além do bom estado de manutenção, é importante entender que algumas aplicações exigem mais do equipamento, e podem trazer desgastes prematuros a alguns componentes. Comentei acima sobre aplicações em mineração pesada e fertilizante, mas entenda que o contrário também existe. Diversas aplicações podem ser consideradas leves e, mesmo com um número elevado de horas de trabalho, desgastam menos o equipamento. Carregadeiras que trabalham em pátios de industrias com movimentação de materiais desagregados, sofrem menos na articulação central, embuchamento da caçamba e eixos. Por outro lado, com um deslocamento constante em maiores velocidades, o desgaste do sistema de freios pode ser antecipado.

 

3) Pneus: Geralmente, máquinas com muitas horas precisam de pneus ou no mínimo pneus com boas condições. Sempre verifique a marca e inspecione a carcaça (parede lateral) e a banda de rodagem quanto ao desgaste, descamação ou cortes. Os 4 pneus são da mesma dimensão e da mesma marca? O estado atual, permite uma recapagem? Embora seja fácil de obter um orçamento para substituição dos pneus, o custo pode ser alto. Além disso, verifique se os pneus são radiais ou diagonais, e se estão adequados para a sua aplicação futura. Pneus L5 custam mais caro, mas não trazem benefício numa aplicação de transporte de material. 

 

4) Material rodante: verifique se a máquina possui um material rodante original do fabricante (a maioria dos componentes do material rodante tem seu nome gravado). Os materiais rodantes originais do fabricante são sempre mais fáceis de manter e recuperar. Embora os materiais rodantes originais possam vir do mesmo fabricante que os materiais rodantes do mercado de reposição, é provável que exista diferenças nas especificações. Os fabricantes estão mais preocupados em manter o ciclo de vida e especificam seus componentes para obter uma vida útil mais longa. Geralmente, as buchas e os conjuntos de elos terão uma espessura maior e uma especificação de dureza mais rígida. Não esqueça de se certificar que o conjunto do material rodante tenha um desgaste homogêneo. Não se deixe enganar por um jogo de sapatas novas!

 

5) Cabine: Entre, sente no banco, e verifique se a cabine está limpa. Os tapetes de borracha ou os assentos estão rasgados? O ar condicionado está funcionando? Os vidros estão trincados ou quebrados? A limpeza e as condições internas de uma cabine geralmente são reflexo do operador. Operadores que trabalham 10 horas por dia ou mais, mas mantém uma cabine limpa e organizada, demonstram que cuidam bem de sua máquina. Procure pelo livro de inspeção do operador. Algumas empresas exigem que o operador, no início e no final de um turno, limpe o equipamento, inspecione vazamentos, lubrifique e relate problemas operacionais. Eles podem documentar isso em um livro de inspeção, e não é incomum que eles sejam guardados na cabine da máquina. Não esqueça de avaliar externamente a cabine, procurando sinais de batidas ou pancadas mais fortes. Se você identificar um amassado numa coluna, por exemplo, pode ser sinal de um tombamento, o que irá exigir uma avaliação criteriosa.

 

6) Caçambas: Quando os pinos começam a se desgastar, é necessário substituí-los e em alguns casos, também o conjunto de buchas. Alguns proprietários prolongam ao máximo esta troca, elevando o custo de manutenção, pois exige serviços de reparo de embuchamento. Isso pode indicar um proprietário que não estava prestando atenção ou não se preocupava com a manutenção preventiva. É um sinal de alerta. O que mais pode estar desgastado? Lâminas e dentes já ultrapassaram muito sua vida útil? Se estes itens foram negligenciados, não é bom indicativo.

 

7) Pintura: Se uma máquina tiver sido repintada, descubra exatamente o que foi repintado e por qual razão. Normalmente, uma pintura completa pode estar ocultando algo; às vezes uma pintura, ou retoques e um bom polimento, apenas indicam que o proprietário mantém a aparência de seu equipamento. Avalie a qualidade da pintura. A superfície está áspera? A tonalidade da cor está correta? Além disso, como a máquina foi preparada para receber esta pintura? A identificação visual do equipamento foi respeitada? O que é preto, cinza, laranja ou amarelo, continua com a cor e tonalidade correta? Os adesivos de identificação e de segurança, estão corretos? As borrachas dos vidros, ou da suspensão da cabine foram protegidas? Outro exemplo são mangueiras que são pintadas ao invés de manterem sua cor original protegida com fita adesiva. Identifique se foi feito um banho de tinta ou uma pintura. Ao final, faça uma pergunta a si mesmo, qual a importância de uma pintura num equipamento com muitas horas de uso?

 

8) Relatórios fornecidos pelo equipamento. Se você estiver comprando uma máquina com muitas horas de uso de um distribuidor, você poderá ter acesso a mais informações para sua decisão de compra. Por exemplo, para muitos fabricantes, você pode solicitar relatórios de dados sobre como algumas máquinas foram usadas. O sistema CareTrack® da Volvo, utiliza o software MATRIS (Sistema de informações de rastreamento de máquina) que fornece relatórios detalhados do comportamento do operador e dados de operação durante toda a vida útil da máquina. Este sistema, pode mostrar quantas horas da máquina foram ociosas ou realmente trabalhando - talvez essa máquina de muitas horas não tenha sido usada tanto quanto você pensa. Eu mesmo já vi gráficos de utilização com mais de 30% de trabalho em marcha lenta, sem acionamento hidráulico ou deslocamento, ou seja, ociosidade. Outro exemplo é a nossa ferramenta Volvo Tech Tool, que pode gerar diversos testes no equipamento usado, servindo de apoio para a análise do estado do equipamento. Apenas como exemplo, um dos testes disponíveis é o de compressão dos cilindros do motor.

 

9) Relatório de inspeção do fabricante. Não vamos confundir com o histórico de manutenção. Cada fabricante possui um standard de inspeção. No caso da Volvo, este modelo é o Care Inspection. Em uma escavadeira, são avaliados 55 itens e ter um relatório neste modelo, fornecido pelo distribuidor, é uma certeza de saber exatamente o que você está avaliando ou comprando.

 

10) Funcionamento do equipamento. Mesmo com a evolução da qualidade e do detalhamento dos relatórios de inspeção, nada substitui uma avaliação ‘in loco’, seguida de uma operação do equipamento. Ver o equipamento trabalhando, ou operar o equipamento numa situação real é importantíssimo. Se for possível, não deixe de conversar com o operador e fazer perguntas sobre o desempenho do equipamento.

 

Na próxima vez em que estiver procurando um equipamento usado, não descarte os modelos com maior horímetro. Procure os sinais de que proprietários e operadores cuidaram bem deles - uma dessas máquinas de maior horímetro pode ser a escolha mais inteligente.

Não esqueça que nossa rede de distribuidores está preparada para lhe auxiliar em todo o processo de equipamentos usados, e não deixe de consultar a disponibilidade de equipamento usados na página www.volvousedce.com ou através do aplicativo INSIDER, disponível na Apple Store ou Google Play.